segunda-feira, 18 de maio de 2009

Zebra

Um dos mais importantes ilustradores do comportamento humano presente no Código da Estrada, é sem duvida nenhuma, a passadeira.
Fisicamente não passa de um conjunto de riscas brancas pintadas no pavimento das ruas e estradas. Porém, é através delas que se evidencia uma das maiores batalhas do ser humano dos ultimos anos, o “combate” entre o automobilista e o peão.

As passadeiras foram criadas para permitir aos peões terem zonas de atravassemanto preferenciais, onde os condutores dos automóveis tivessem a percepção e a noção que nesse espaço teriam que redobrar as atenções. Por um lado, a existência das passadeiras perimitiria que os condutores não fossem surpreendidos em qualquer lugar da estrada por peões querendo atravessar, e por outro, os peões teriam nas passadeiras uma prioridade especial, o que permitiria garantir a sua segurança.

Em termos teóricos a ideia até nem parece nada má, no entanto, em termos práticos as coisas não se passam exactamente dessa maneira.

Efectivamente, um automobilista deve parar, sempre que vir algum peão parado na passadeira com a intenção de atravessar a estrada.

Muitas vezes verifica-se que podemos estar dez minutos numa posição de atravessamento sem que nenhum condutor pare para nos deixar passar. Essa é uma atitude reprovável. Todavia, gostaria de salientar o comportamento rude, estupido e completamente dificil de entender, que muitos peões tomam quando se vêm na presença de uma passadeira.

Nesse sentido, consegui reunir algumas tipologias do atravessador rude, estupido e completamente dificil de entender:

· O atravessador “eu é que mando nisto tudo” – Este é um tipo de peão que nunca atravessa a passadeira quando não vem nenhum carro e só a decide atravessar quando avista um automovel. Nessa altura, coloca o pezinho na passadeira e atravessa a estrada com o passo mais lento que consegue ter, fazendo um olhar autoritário ao desgraçado que se encontra atrás do volante.
(Este tipo de peões têm notoriamente complexos de inferioridade, sendo que, tentam mostrar-se superiores aos demais usando um dos poucos lugares dentro da comunidade onde detêm alguns previlégios. Simplesmente lamentável)

· O atravessador “conect” – Esta espécie de peão consegue efectuar a proeza de atravessar a estrada e falar ao telemóvel ao mesmo tempo.
(Simplesmente ridiculo)

· O atravessador emotivo – Este exemplo de peão julga que atravessar a passadeira é como estar nas bancadas de um estádio de futebol, e que os condutores são os arbitros da partida. (Deve-se ter em atenção que nestes casos, as mães dos condutores por vezes viajam ao lado deles, e que sair do carro para ir “espetar uma cabeçada num peão” é muito mais fácil do que um árbitro subir a bancada e “dar um biqueiro num adepto”)

· O atravessador tertulia – Este é um tipo de peão que se desloca em grupos. Nesse sentido, quando se vêm numa passadeira, ganham uma vontade irresistivel de falarem uns com os outros enquanto atravessam. (Desconhece-se qual é o prazer de conversar nas passadeiras. Ao que parece, conversar num café ou numa esplanada parece ser uma melhor solução. Uma das causa poderá ser o facto da passadeira fornecer uma carga mistica que activa a parte do cerebro que comanda o apetite tertuliano)

· O atravessador “IronMen” – Este é o mais espetacular de todos os pões. Normalmente este peões deslocam-se de costas para os carros e quando estão a chegar à passadeira, viram subitamente de direcção e atravessam sem sequer olharem para o lado. Simplesmente arrepiante.Devem pensar que têm superpoderes. (Este é o tipo de peão que mais me incomoda, até porque neste grupo estão incluidas pessoas com suposta cultura e formação, que teriam a obrigação de dar o exemplo. Ao tomarem esta atitude mostram não ter respeito pelos outros, porque ninguem adivinha que eles vão atravessar, nem por si próprios, porque se eventualmente algum condutor vier distraído, espeta-lhes semelhante balázio que os mandam todos partidinhos para os cuidados intensivos do Hospital. E agora as pessoas dizem: Ah e tal, ele estava a atravessar na passadeira. Pois eu respondo: Pois estava, e daí? O condutor vai para sua casinha, paga uma multa, responde a um eventual processo em tribunal e o seguro trata do resto. Já o peão, fica sem andar para o resto da vida, é abandonado pela mulher e tem um fim de vida triste e miserável.)

Para concluir, deve referir-se que a passadeira é um local de muita responsabilidade e atenção. Não deve ser encarada levianamente nem com pretensiosismos. Por outro lado, devemos ter em atenção que a nossa segurança está em primeiro lugar e que pelo simples facto de estarmos numa passadeira não quer dizer que estejamos livres de sermos atropelados. É verdade que existem muitos condutores que não nos respeitam, mas a pior maneira de impôr esse respeito é desrespeitando-nos a nós mesmos .

Ao chegar a uma passadeira devemos parar em frente a ela, olhar para ambos os lados, e atravessar quando não vier nenhum carro, ou quando os veiculos pararem para nós atravessarmos. Ao atravessar, devemos fazê-lo de forma célere mantendo uma atitude de cortesia.

As grandes sociedades nascem das pequenas atitudes.

3 comentários:

  1. Algo que infelizmente também acontece muitas vezes é o peão que está parado junto à passadeira mas não tem intenção de atravessar a estrada.

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  2. Falta falar do "Atravessador mãe/pai louca/o e inconsciente", que é aquele peão que aproveitando o facto de ter um filho num carrinho de bebé o coloca na passadeira para forçar a paragem dos automóveis!! Acho que nem é preciso comentar este tipo de atitude...

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  3. O Atravessador com falta de pontaria que atravessa sempre 10 metros à frente ou atrás da passadeira, mesmo que isso implique uma distância total maior.

    Ou a Atravessadora "Passarella" (só mesmo as senhoras) que, mesmo fora da passadeira e com carros a apitar, nunca perde a descompostura.

    E aquele Atravessador...

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