terça-feira, 12 de maio de 2009

Voz da Consciência

As chamas consumindo a criatura,
de força bruta e acto bem feroz.
Que de tal sorte padecia sofrimento
por esse fogo de lavrado tão atroz.

Um calor que derramava bem por dentro
da animalesca alma tão sofrida.
Um queimor que não temia nem o vento,
nem a água, nem o frio, nem a vida.

Por sortes várias a colher a ilusão
de fados por ele bem mais conseguidos,
tentando em qualquer meio a solução,
para os fins a serem todos atingidos.

E nesses meios por voltas todas raras,
chega sempre a brasa do carvão!
Um fogo eterno que se chega e crava
nos limites do seu coração.

E a vida toda é curta neste mister
de tentar apagar do seu tutâno,
o acto infeliz dos seus orgulhos
e do seu desejo mais profano.

Pela via dolorosa foi sentir
que os fins acabariam por voltar,
que tudo aquilo que teria que ser seu
um dia acabaria por chegar.

E aí sentindo justa a recompensa
de tão vil, e triste, e longa espera.
Sentiria bem dentro em sua alma
a gloriosa conquista da quimera.


Mário Oliveira

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