sexta-feira, 29 de maio de 2009

Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo...


(Obrigado ao 100nada e ao Contrafactos)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sobre a Educação e o Futuro.

Todos têm a noção que o futuro da sociedade passa inegavelmente pelas novas gerações. Passa inevitavelmente pelos jovens de todo o mundo, que mais tarde ou mais cedo assumirão com a naturalidade que a inevitável passagem do tempo impõe, os destinos e as rédeas da sociedade, das suas organizações e da sua ordem.

Esses jovens irão usar o património cultural, intelectual, moral e educacional que estão neste momento a receber. Toda a cultura de hoje está inevitavelmente a servir de projecção para o futuro.

Em astronomia e cosmologia, quando olhamos para as estrelas vemos o nosso passado, e aquilo que aconteceu à alguns milhares de anos. Da mesma forma, quando olhamos para os nossos jovens e aquilo que os identifica, estamos a ver o nosso futuro.

Quando usamos o telescópio da sociedade, e o apontamos para os jovens, vemos o futuro que nos espera. De tal forma, que vale a pena estar preocupado com a herança que estamos a deixar, porque se no caso do Universo o passado se torna inevitável, no caso do nosso futuro, só dependemos das nossas acções para o tornar melhor.

É gritante a falta de cultura de rigor dos dias de hoje.

Tomemos como exemplo a Matemática (tema a que recorro com alguma insistência por me ser caro) e a posição que tem sido adoptada em relação a esta disciplina.

Como sabem, o insucesso da Matemática tem sido uma das problemáticas relativas à educação dos jovens. Nesse sentido, surgem insistentemente pedagogos e intelectuais a defender a criação de métodos para tornar a Matemática “divertida” de maneira a que os jovens sintam mais facilidade na disciplina.

Na minha opinião, essa visão das coisas está completamente errada e hipoteca o futuro dos jovens e da sociedade.

 A primeira coisa a admitir é que a Matemática é efectivamente difícil. É difícil porque faz parte da sua natureza. É difícil porque exige dedicação. É difícil porque exige estudo.

A resposta ao problema não é torná-la “divertida” ou transformá-la de maneira a torná-la menos rigorosa para que se torne mais fácil. A resposta é dizer aos jovens que a Matemática é difícil, e por ser difícil deve ser encarada com seriedade, com exigência e com rigor. E deve ser encarada assim porque é parte fundamental da formação do pensamento dos indivíduos e da sociedade.

É preciso mostrar aos jovens que aquilo que é fácil e que exige pouco rigor é feito por toda a gente e por isso não oferece qualquer valor acrescentado. Porém, aquilo que exige trabalho, rigor e dedicação é feito por poucos e por isso será sempre valorizado.

Se o objectivo é valorizar a sociedade será necessário deixar a filosofia do “tornar as coisas divertidas” e adoptar a filosofia do “rigor, trabalho, responsabilidade e competência”.

Ainda em relação à educação, denota-se que a sociedade actual se preocupa com os direitos das crianças, com o seu bem-estar e com a sua mais adequada formação, dentro daquilo que é moralmente aceite.

Sou completamente a favor da preservação ao máximo dos direitos das crianças e dos jovens, do seu direito ao bem-estar e da salvaguarda da sua segurança e integridade física e psicológica.

Porém, se as coisas continuarem com o rumo que estão a tomar temo pelo futuro da nossa sociedade dentro de 40/50 anos.

A atitude que se está a tomar em relação às crianças em virtude da filosofia da salvaguarda dos seus direitos está a transformar-se numa inaceitável cultura de “laissez faire”. Os meninos podem fazer tudo aquilo que lhes apetece, fazer birra por tudo e mais alguma coisa, e ai do coitado do paizinho que dê uma palmada no rabiosque do desgraçadinho do menino porque está a infligir maus tratos à criança.

É preciso que as crianças aprendam que não podem fazer tudo o que querem, que não podem ter tudo o que querem, e desde cedo deve ser imposta uma cultura de liberdade responsável, de rigor e de exigência. Ser o melhor, fazer o melhor, superar-se.

Se as coisas continuarem no rumo a que assistimos, dentro de 40 anos teremos uma sociedade de pessoas mimadas, egocêntricas, facilitistas, birrentas e sem sentido de responsabilidade.

Em relação aos outros não sei, mas eu sentir-me-ia triste em saber que as gerações vindouras viveriam numa sociedade assim.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Tertúlia


terça-feira, 26 de maio de 2009

Politica da Verdade

Foi-se assistindo nos últimos dias a diversos desenvolvimentos no âmbito da campanha às eleições europeias deste ano. Agora que começou efectivamente a campanha para as referidas eleições, cumpre-me o dever de tecer algumas considerações sobre o que tem sido dito em tons de pseudo-racionalismo, mas que no entanto, tem a essência do populismo mórbido de quem efectivamente não possui, nem discurso, nem ideias e pior do que tudo, não possui escrúpulos.

Antes de mais, atente-se na imagem de fundo que o Partido Social Democrata encabeçado pela Dra. Manuela Ferreira Leite pretende fazer passar. Depois do que fui ouvindo ao longo dos últimos dias decidi visitar o site do PSD. Na página principal consegui ver reproduzida quatro vezes a expressão Politica da Verdade.

Depois de tanta insistência, e num exercício de retrospecção, estive a reunir algumas das mais mediáticas bandeiras do PSD que sustentam a sua Politica da Verdade.

Para a Dra. Manuela Ferreira Leite, a Verdade é afirmar que a Politica de Investimentos que está a ser efectuada é ruinosa.

Para a Dra. Manuela Ferreira Leite, a Verdade é afirmar que as ligações do TGV são desnecessárias

Para a Dra. Manuela Ferreira Leite, a Verdade é afirmar que a construção de novas auto-estradas é um obstáculo ao progresso do país.

Depois deste exercício de compilação da Politica da Verdade, optei por fazer algo que o PSD parece não ter feito nos últimos tempos, ou seja, consultar os documentos onde estão escritas as suas recentes opções políticas. Já que não se lembram do que fizeram, pelo menos poderiam ler o que escreveram, de maneira a ficarem actualizados sobre opções e acções que tomaram.

Nesse sentido comecei por ler um documento que está disponível a todos, que se chama “Portugal, Grandes Opções do Plano 2004” que foi elaborado pelo Ministério das Finanças no âmbito do Orçamento de Estado de 2004, altura em que exercia funções o XV Governo Constitucional e cuja Ministra das Finanças, vejam só, era a extraordinária defensora da Verdade, Dra. Manuela Ferreira Leite.

Neste documento, que chega a tornar-se hilariante, não pelo seu conteúdo, mas pela completa incoerência em relação às “novas” ideologias das pessoas que o subscreveram, verifica-se a verdadeira Politica desenvolvida pela actual direcção do PSD.

Nesse documento, no capítulo intitulado “Medidas de Política a Concretizar em 2004” é defendida a implementação de vários projectos prioritários determinados pela União Europeia e subscritos pelo então Ministério das Finanças:

Projecto Prioritário nº 3 – Auto-estradas do Mar
Inclui a Auto-estrada da Europa Ocidental, que cobre Arco Atlântico, desde a Península Ibérica até ao Mar do Norte e o Mar da Irlanda.

Projecto Prioritário nº 7 − Linhas Ferroviárias de Alta Velocidade do Sudoeste
Consiste na ligação ferroviária de alta velocidade da Península Ibérica a França, com dois ramos a norte e a sul dos Pirenéus, que permitirão a conexão com as linhas de Alta Velocidade do centro e norte da Europa. Inclui a ligação Lisboa/Porto−Madrid.

Projecto Prioritário nº 11 − Interoperabilidade da Rede Ferroviária de Alta Velocidade da Península Ibérica
Abrange as restantes linhas novas de alta velocidade com bitola europeia ou as linhas adaptadas com dupla bitola na Península Ibérica. Inclui a ligação Porto−Vigo.”

Começa aqui a desenhar-se a Verdade do PSD, dizer uma coisa hoje, e amanhã contradizê-la, para poder obter mais votos.

No entanto, existe algo mais grave. Estes investimentos poderiam estar a ser previstos derivado de uma conjectura económica mais favorável. A questão é que o referido documento não dá muito espaço de manobra nesse sentido, quando no capítulo intitulado “SANEAR AS FINANÇAS PÚBLICAS E DESENVOLVER A ECONOMIA” é dito que é necessário "não só reduzir a despesa, mas sobretudo de a racionalizar de forma a assegurar uma aplicação dos recursos mais eficiente.”

Parabéns Dra. Manuela Ferreira Leite, acabou de desenvolver uma das novas teorias do pensamento político: Quando se é governo implementam-se medidas para quando se for oposição poder combater essas mesmas medidas”. Eu não me lembraria de melhor Politica da Verdade.

Mas não pensem os leitores que o assunto acaba por aqui. De facto, o documento que estou a citar é um verdadeiro atestado da Politica da Verdade propagandeado pelo PSD.

Passemos então ao novo Cavaleiro da Verdade, o Dr. Paulo Rangel. Este bem-falante cavaleiro já nos mostrou que conseguirá rivalizar com o seu colega da oposição Dr. Paulo Portas. De facto, o seu tom de discurso está ao nível dos vencedores do concurso para melhores apregoadores. Mas deixemos de lado a forma e passemos ao que realmente interessa, o conteúdo.

Recentemente, o Dr. Paulo Rangel, acusou o Primeiro-ministro José Sócrates, de ter importado a instabilidade de Espanha ao promover em demasia a parceria económica com o país vizinho.
Pois bem Dr. Paulo Rangel, vamos olhar para o documento que tem sido citado e ver o que é que a actual líder do seu partido pretendia efectuar em termos de política externa no ano de 2004.

“Nas relações com Espanha, optou-se pela maximização das sinergias criadas e pela intensificação das relações políticas, económicas e culturais. A XVIII Cimeira Luso-Espanhola de Valência fortaleceu laços de colaboração, afastou obstáculos a projectos comuns, identificou novas áreas de cooperação e projectou experiências para o futuro; foi assinada a Convenção de Cooperação Transfronteiriça, com impacto directo no desenvolvimento das regiões mais desfavorecidas dos dois lados da fronteira e no aproveitamento de fundos comunitários disponíveis; realizou-se o III Fórum Luso-Espanhol, no Funchal;
desenvolveram-se negociações para criação da Comissão de arbitragem para dirimir a questão das indemnizações a pequenos proprietários espanhóis prejudicados na década de 70;”

O que é que quererá dizer “maximização das sinergias criadas pela intensificação das relações políticas, económicas e culturais”?
Por aquilo que o Dr. Paulo Rangel defende, deve ser uma declaração de Guerra a Espanha, caso contrário estaríamos na presença de uma inverdade proferida pelo cabeça de lista do PSD às eleições europeias, mas isso não pode acontecer porque o PSD defende a Politica da Verdade!

Mas há mais. Num café debate em Matosinhos o Dr., Rangel disse o seguinte:

“A estratégia que o primeiro-ministro definiu em 2005 - Espanha, Espanha, Espanha - foi um fracasso total" e que os seus efeitos negativos na economia portuguesa eram previsíveis.”

Engraçado, parece que o PSD tinha uma ideia completamente equivalente um ano antes. Ah, é verdade, o PSD defende a Politica da Verdade, por isso está tudo bem!

"Toda a gente sabia que a Espanha não ia aguentar a sua bolha imobiliária, desde a pessoa mais indiferenciada até à pessoa mais qualificada. Portanto, quem estivesse a apostar todos os seus cavalos - perdoem-me a vulgaridade da expressão - na economia espanhola ia um dia ter o ricochete disso"

Portanto, quando no documento de base para o Orçamento de estado de 2004 o PSD afirma que pretende a maximização das sinergias criadas pela intensificação das relações políticas, económicas e culturais com Espanha, isso significará o quê? Bem, a mim parece-me que significa apostar todos os seus cavalos em Espanha. Então, como toda a gente sabia que Espanha não ía aguentar, desde os mais indiferenciados aos mais qualificados, isso significa que o Dr. Paulo Rangel e a Dra. Ferreira Leite são o quê?

Eu tenho uma resposta simples. Basicamente, se a Dra. Ferreira Leite e o Dr. Paulo Rangel não são indiferenciados nem qualificados a resposta só pode ser completa falta de competência política.

Para finalizar, e porque o documento que estive a ler é bem esclarecedor, deixo mais duas citações:

“Parceiros estratégicos e privilegiados
- Aprofundar as relações bilaterais, políticas e económicas, com Espanha e outros parceiros comunitários, com o Brasil e com os EUA;”


“Objectivos
manter a estratégia de Lisboa como vertente determinante da acção comunitária;”

Acho que não será necessário comentar a Verdade implícita nestas duas últimas politicas de Manuela Ferreira Leite e do que tem sido dito no âmbito da campanha da Verdade do PSD.

Para finalizar, devo dizer que só reclama a verdade quem se encontra sem ideias e sabe que está descredibilizado. Assim, afirmar que se é dono da verdade, para além de ser prepotente, surge como uma mera bóia de salvação.

No entanto, enquanto uns têm o único objectivo de se manterem a flutuar, outros porém, procuram encontrar terra firme.

A partir das próximas eleições a escolha é simples, ou se opta pela Verdade da deriva numa pequena bóia, ou pela segurança reconfortante da Terra Firme.

Vota pela Europa
Vota por Portugal
Vota Partido Socialista

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Zebra

Um dos mais importantes ilustradores do comportamento humano presente no Código da Estrada, é sem duvida nenhuma, a passadeira.
Fisicamente não passa de um conjunto de riscas brancas pintadas no pavimento das ruas e estradas. Porém, é através delas que se evidencia uma das maiores batalhas do ser humano dos ultimos anos, o “combate” entre o automobilista e o peão.

As passadeiras foram criadas para permitir aos peões terem zonas de atravassemanto preferenciais, onde os condutores dos automóveis tivessem a percepção e a noção que nesse espaço teriam que redobrar as atenções. Por um lado, a existência das passadeiras perimitiria que os condutores não fossem surpreendidos em qualquer lugar da estrada por peões querendo atravessar, e por outro, os peões teriam nas passadeiras uma prioridade especial, o que permitiria garantir a sua segurança.

Em termos teóricos a ideia até nem parece nada má, no entanto, em termos práticos as coisas não se passam exactamente dessa maneira.

Efectivamente, um automobilista deve parar, sempre que vir algum peão parado na passadeira com a intenção de atravessar a estrada.

Muitas vezes verifica-se que podemos estar dez minutos numa posição de atravessamento sem que nenhum condutor pare para nos deixar passar. Essa é uma atitude reprovável. Todavia, gostaria de salientar o comportamento rude, estupido e completamente dificil de entender, que muitos peões tomam quando se vêm na presença de uma passadeira.

Nesse sentido, consegui reunir algumas tipologias do atravessador rude, estupido e completamente dificil de entender:

· O atravessador “eu é que mando nisto tudo” – Este é um tipo de peão que nunca atravessa a passadeira quando não vem nenhum carro e só a decide atravessar quando avista um automovel. Nessa altura, coloca o pezinho na passadeira e atravessa a estrada com o passo mais lento que consegue ter, fazendo um olhar autoritário ao desgraçado que se encontra atrás do volante.
(Este tipo de peões têm notoriamente complexos de inferioridade, sendo que, tentam mostrar-se superiores aos demais usando um dos poucos lugares dentro da comunidade onde detêm alguns previlégios. Simplesmente lamentável)

· O atravessador “conect” – Esta espécie de peão consegue efectuar a proeza de atravessar a estrada e falar ao telemóvel ao mesmo tempo.
(Simplesmente ridiculo)

· O atravessador emotivo – Este exemplo de peão julga que atravessar a passadeira é como estar nas bancadas de um estádio de futebol, e que os condutores são os arbitros da partida. (Deve-se ter em atenção que nestes casos, as mães dos condutores por vezes viajam ao lado deles, e que sair do carro para ir “espetar uma cabeçada num peão” é muito mais fácil do que um árbitro subir a bancada e “dar um biqueiro num adepto”)

· O atravessador tertulia – Este é um tipo de peão que se desloca em grupos. Nesse sentido, quando se vêm numa passadeira, ganham uma vontade irresistivel de falarem uns com os outros enquanto atravessam. (Desconhece-se qual é o prazer de conversar nas passadeiras. Ao que parece, conversar num café ou numa esplanada parece ser uma melhor solução. Uma das causa poderá ser o facto da passadeira fornecer uma carga mistica que activa a parte do cerebro que comanda o apetite tertuliano)

· O atravessador “IronMen” – Este é o mais espetacular de todos os pões. Normalmente este peões deslocam-se de costas para os carros e quando estão a chegar à passadeira, viram subitamente de direcção e atravessam sem sequer olharem para o lado. Simplesmente arrepiante.Devem pensar que têm superpoderes. (Este é o tipo de peão que mais me incomoda, até porque neste grupo estão incluidas pessoas com suposta cultura e formação, que teriam a obrigação de dar o exemplo. Ao tomarem esta atitude mostram não ter respeito pelos outros, porque ninguem adivinha que eles vão atravessar, nem por si próprios, porque se eventualmente algum condutor vier distraído, espeta-lhes semelhante balázio que os mandam todos partidinhos para os cuidados intensivos do Hospital. E agora as pessoas dizem: Ah e tal, ele estava a atravessar na passadeira. Pois eu respondo: Pois estava, e daí? O condutor vai para sua casinha, paga uma multa, responde a um eventual processo em tribunal e o seguro trata do resto. Já o peão, fica sem andar para o resto da vida, é abandonado pela mulher e tem um fim de vida triste e miserável.)

Para concluir, deve referir-se que a passadeira é um local de muita responsabilidade e atenção. Não deve ser encarada levianamente nem com pretensiosismos. Por outro lado, devemos ter em atenção que a nossa segurança está em primeiro lugar e que pelo simples facto de estarmos numa passadeira não quer dizer que estejamos livres de sermos atropelados. É verdade que existem muitos condutores que não nos respeitam, mas a pior maneira de impôr esse respeito é desrespeitando-nos a nós mesmos .

Ao chegar a uma passadeira devemos parar em frente a ela, olhar para ambos os lados, e atravessar quando não vier nenhum carro, ou quando os veiculos pararem para nós atravessarmos. Ao atravessar, devemos fazê-lo de forma célere mantendo uma atitude de cortesia.

As grandes sociedades nascem das pequenas atitudes.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Flor de Lis

Só ontem, é que tomei pela primeira vez contacto com esta canção.
Quanto a vocês não sei, mas para mim, esta é uma das melhores representações Portuguesas dos ultimos tempos no Eurovision Song Contest.
Mesmo que a classificação não venha a ser das melhores, esta musica já se encontra nos meus primeiros lugares de preferência!

Ladies and gentleman, Flor de Lis....

terça-feira, 12 de maio de 2009

Voz da Consciência

As chamas consumindo a criatura,
de força bruta e acto bem feroz.
Que de tal sorte padecia sofrimento
por esse fogo de lavrado tão atroz.

Um calor que derramava bem por dentro
da animalesca alma tão sofrida.
Um queimor que não temia nem o vento,
nem a água, nem o frio, nem a vida.

Por sortes várias a colher a ilusão
de fados por ele bem mais conseguidos,
tentando em qualquer meio a solução,
para os fins a serem todos atingidos.

E nesses meios por voltas todas raras,
chega sempre a brasa do carvão!
Um fogo eterno que se chega e crava
nos limites do seu coração.

E a vida toda é curta neste mister
de tentar apagar do seu tutâno,
o acto infeliz dos seus orgulhos
e do seu desejo mais profano.

Pela via dolorosa foi sentir
que os fins acabariam por voltar,
que tudo aquilo que teria que ser seu
um dia acabaria por chegar.

E aí sentindo justa a recompensa
de tão vil, e triste, e longa espera.
Sentiria bem dentro em sua alma
a gloriosa conquista da quimera.


Mário Oliveira

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O Ecoponto Mágico

Perto da minha habitação existe um ecoponto.

Até aqui nada de mais, trata-se um ecoponto como muitos outros. Do alto da imponência dos diversos contentores que o constituem, reflectem-se valores nobres, como a defesa do meio ambiente e a preservação da terra para os habitantes futuros.

No entanto, apercebi-me a algum tempo que o ecoponto perto de minha casa ganhou uma importância deveras extraordinária. Este ecoponto revelou ser um espelho do comportamento da sociedade portuguesa, de maneira que, a partir de agora, vou começar a chamá-lo de ecoponto mágico.

Ora bem, certo dia, estava eu a olhar para o ecoponto mágico, num daqueles momentos de reflexão automáticos em que se aplica a famosa expressão “como um boi a olhar para um palácio”, quando de repente avisto ao longe o espectacular veículo que faz a trasfega do conteúdo dos contentores, de maneira a deixá-los com o devido espaço vazio para que as pessoas possam lá colocar o fruto da sua separação de resíduos caseira. Fui um observador atento daqueles esforçados e barulhentos trabalhos. No fim da operação, o veículo que tratou de descongestionar o conteúdo do ecoponto mágico, seguiu a sua vida em direcção a novas paragens de trasfega.

E eis senão quando, consegue avistar-se ao fundo aquela personagem feminina, deslumbrante, e com um saco de garrafas vazias na mão, dirigindo-se ao ecoponto mágico. Ao chegar junto do Ecoponto mágico, deu-se a magia. A bela rapariga pousou o seu delicado saquinho de garrafas no chão, encostadinho ao contentor, e dirigiu-se de novo em direcção ao lugar de onde tinha vindo. Eis o retrato da sociedade portuguesa no seu máximo esplendor.

Ouçam…o contentor estava VAZIO! Tinham acabado de o esvaziar e a moça não se deu ao esforço de gastar umas 100 calorias no intuito de colocar as garrafas no contentor e o respectivo saco plástico também no local apropriado.

Eu não consegui resistir em lançar o piropo: “A continuar assim não vão haver dietas que te valham”. Ok, fui rude eu sei…mas manifestei dessa forma aquilo que o ecoponto mágico acabava de espelhar acerca da sociedade portuguesa, o comodismo.

Esta situação, como muitas outras a que se vão assistindo nos hipermercados mágicos, nos estacionamentos mágicos e em tantos outros lugares mágicos de Portugal, reflectem aquilo que se deve combater de forma afincada e prioritária no sentido de efectivamente melhorar o nosso país.

O problema de Portugal não são os Políticos, o problema é a sociedade! A questão é que os nossos Políticos também são mágicos, porque acabam por espelhar aquilo que a nossa sociedade representa.

Deixemo-nos dos comodismos e dos conformismos. Basta do discurso do “deixa estar, não vamos agora reclamar e fazer vergonhas”.

De minha parte eu vou continuar a tentar não ser considerado o Mário mágico. Espero que o resto da sociedade também, porque para mágico, já temos o Luís de Matos, e pelos vistos não é tão mau quanto isso.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

As Energias Renováveis em Portugal

O canal canadiando CBC elaborou uma reportagem acerca das Energias Alternativas em Portugal.
Sou da opinião que a procura da melhoria contínua e da excelência são perfeitamente essenciais.
No entanto, deixemos o habitual complexo dos piores da Europa, porque, para além da desmoralização cá dentro, acabamos por promover a descridibilização lá fora!
E de facto, estamos muito longe de sermos os piores.

Um pouco de Orgulho Lusitano não fica nada mal.



segunda-feira, 4 de maio de 2009

Abril no Porto

Estávamos em Abril de 1974, mais concretamente na noite de 24 de Abril desse ano.
Eram cerca de 22 horas e 50 minutos, quando saía das instalações do Quartel General do Porto um Volkswagen 1300, (frequentemente conhecido como “carocha”), descaracterizado e de cor preta. No seu interior seguiam três membros da Secção Especial do Esquadrão da Policia Militar aquartelado na sede da Região Militar do Norte.

A Policia Militar, hoje em dia designada de Policia do Exercito, é uma tropa especialmente vocacionada para zelar e manter a ordem de toda a população militar do exército. No período a que se reportam os acontecimentos, esta unidade do exercito era particularmente activa no sentido de localizar e capturar os chamados desertores, ou seja, todos aqueles que renunciassem à sua obrigação militar. Para além disso desempenhavam outras funções bastante importantes, tendo inclusive granjeado louvores oficiais em missões ultramarinas.

Em Abril de 1974, como já atrás foi dito, havia um esquadrão da Policia Militar aquartelado no Quartel General do Porto. Alguns elementos desse esquadrão formavam a Secção Especial.
A Secção Especial da Policia Militar tinha autorização para uso de traje civil, uma vez que as missões que desempenhava tinham carácter mais sigiloso.

Durante a tarde do dia 24 de Abril, o comandante do esquadrão da Policia Militar, Major Eurico Corvacho, abordou Oliveira, condutor da Secção Especial, no sentido de saber se este tinha alguma patrulha prevista para essa noite. A resposta foi afirmativa, e nesse sentido, Eurico Corvacho, solicitou ao Oliveira, que nessa noite, ele e os restantes colegas da Secção Especial se encontrassem num café da cidade do Porto, no sentido de apurarem informações relativas à captura de um desertor.

Tal como tinha sido combinado, às 22 horas e 50 minutos, saía do Quartel General, o Volkswagen preto conduzido pelo Oliveira, que tinha ao seu lado Pacheco, e atrás, mais um colega da Secção Especial. Os três dirigiram-se então ao café previamente combinado, para se encontrarem com Corvacho.

Depois desse encontro, e de terem feito paragem em mais dois bares, dirigiram-se por volta da meia-noite, e a pedido de Corvacho, para o CICA (Centro de Instrução de Condução Automóvel), uma unidade do exercito instalada ao lado da antiga Reitoria da Universidade do Porto, e onde hoje em dia funciona uma extensão do Hospital de Santo António.

Quando o carro onde seguia a patrulha da Secção Especial se aproximou da entrada do CICA, Corvacho pediu a Oliveira que accionasse os máximos da viatura. Logo de seguida os portões do CICA abriram-se por completo permitindo a entrada do “carocha” para o seu interior.
Neste momento, Oliveira apercebeu-se que algo de estranho se passava, e a razão dessa desconfiança era simples.Em nenhuma unidade militar, é permitida a entrada sem a devida identificação e completa verificação dos elementos que se apresentam.

Mal entraram no CICA, Oliveira questionou Corvacho sobre o que se tinha passado.
Foi aí que Corvacho explicou aos elementos da Secção Especial que estava a pôr-se em marcha um golpe militar e que ele (Corvacho) tinha sido incumbido pelo Otelo Saraiva de Carvalho no sentido de liderar as operações para controlar o Quartel General do Porto. Também explicou que a Secção Especial tinha sido escolhida para liderar a coluna militar que iria tomar posse do Quartel General, por duas razões especiais, a primeira pelo facto da sua flexibilidade de horários, já que a sua chegada ao quartel durante a madrugada não iria levantar quaisquer suspeitas, e a segunda pelo facto da sua influência e conhecimento dos processos de verificação e guarda do Quartel General.
Nessa altura, Corvacho informou que nenhum dos elementos era obrigado a participar e que podiam recusar a missão sem quaisquer consequências. Apesar dos receios óbvios nenhum dos elementos o fez.

Corvacho, Oliveira, Pacheco e Lobo dirigiram-se para a sala de comando instalada no CICA. Aí, os diversos oficiais envolvidos no movimento demonstravam a pressão a que estavam sujeitos, quer pelo fumo que se sentia na sala quer pela sua própria agitação. Cada um daqueles elementos tinha uma função especifica a desempenhar. Um deles, que estava incumbido de ocupar o lugar de um Brigadeiro, dizia que iria levar uma granada no bolso e que caso ele não se rendesse colocava-lhe a granada na boca e sacrificava-se pela pátria. É um relato chocante, mas revelador da pressão e também do sentido de serviço a que aqueles homens estavam sujeitos e demonstravam.

Pouco depois formava-se a uma coluna militar com camiões de soldados, veículos pesados e artilharia. Na sua frente, o Volkswagen 1300.
A coluna militar seguiu então em direcção ao Quartel General. A coluna dirigiu-se para a entrada das traseiras, e Oliveira que tinha sido incumbido por Corvacho no sentido de desempenhar essa missão, dirigiu-se à Porta de Armas do Quartel para que o Oficial-de-dia, desse ordem para abertura dos portões. Antes disso, Oliveira já tinha explicado a Corvacho que quando os sentinelas iam abrir o portão pousavam a sua arma sempre num sitio especifico, o que permitiria desarmar quase de imediato esses sentinelas.

E assim foi. Quando Oliveira voltou para as traseiras do Quartel, já os portões estavam a ser abertos e os sentinelas desarmados. Mas o sucesso ainda não estava garantido. Para os golpistas poderem reclamar o Quartel General, tinham que capturar o General que nele habitava. Nesse sentido, havia ainda um obstáculo a ultrapassar, chamado Guimarães.

O Guimarães tratava-se de um elemento da Policia Militar com uma envergadura física impressionante, que como todos os Policias Militares, consequência da sua formação, cumpria as regras estabelecidas com todas as sua forças.

Como um dos objectivos do Golpe Militar em marcha era a minimização do número de mortes, Corvacho pediu ao Guimarães que entregasse a sua arma, coisa que os militares são instruídos para não fazer em qualquer circunstância. Mas Guimarães manteve-se completamente irredutível. Corvacho, que tinha um objectivo a cumprir encostou uma pistola ao Guimarães e ameaçou-o de morte. Nesse momento, Oliveira pediu calma e falou com Guimarães no sentido de o convencer a entregar a sua arma, pois também ele já fazia parte do movimento. E assim aconteceu. Guimarães juntou-se ao demais e o General foi capturado.
Momentos mais tarde o Comando das Operações do golpe Militar era informado que o Quartel General do Porto estava controlado.


Esta história que aqui narrei teve como principal objectivo homenagear esses homens valentes que contribuíram para o nascimento da liberdade em Portugal.

É com grande orgulho que afirmo que o Oliveira indicado na história, cujo nome completo é Mário Francisco Gomes de Oliveira, é meu Pai.

Quando se fala no 25 de Abril, dá-se todo o destaque às operações em Lisboa, que foram muito importantes, sem duvida. No entanto, é um acto de justiça para a com a nossa história não esquecermos todos aqueles que nas diversas partes do país também fizeram a revolução e permitiram que Portugal não mergulhasse desde logo numa Guerra Civil e que o Golpe tivesse o sucesso que se veio a verificar.

Um especial destaque ao Major Eurico Corvacho, que comandou as operações da revolução na zona norte do país e que tanto foi esquecido e injustiçado. De minha parte e de parte de meu Pai, Muito Obrigado.


Viva o 25 de Abril!
Viva a Liberdade!
Viva Portugal!