quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sobre a Educação e o Futuro.

Todos têm a noção que o futuro da sociedade passa inegavelmente pelas novas gerações. Passa inevitavelmente pelos jovens de todo o mundo, que mais tarde ou mais cedo assumirão com a naturalidade que a inevitável passagem do tempo impõe, os destinos e as rédeas da sociedade, das suas organizações e da sua ordem.

Esses jovens irão usar o património cultural, intelectual, moral e educacional que estão neste momento a receber. Toda a cultura de hoje está inevitavelmente a servir de projecção para o futuro.

Em astronomia e cosmologia, quando olhamos para as estrelas vemos o nosso passado, e aquilo que aconteceu à alguns milhares de anos. Da mesma forma, quando olhamos para os nossos jovens e aquilo que os identifica, estamos a ver o nosso futuro.

Quando usamos o telescópio da sociedade, e o apontamos para os jovens, vemos o futuro que nos espera. De tal forma, que vale a pena estar preocupado com a herança que estamos a deixar, porque se no caso do Universo o passado se torna inevitável, no caso do nosso futuro, só dependemos das nossas acções para o tornar melhor.

É gritante a falta de cultura de rigor dos dias de hoje.

Tomemos como exemplo a Matemática (tema a que recorro com alguma insistência por me ser caro) e a posição que tem sido adoptada em relação a esta disciplina.

Como sabem, o insucesso da Matemática tem sido uma das problemáticas relativas à educação dos jovens. Nesse sentido, surgem insistentemente pedagogos e intelectuais a defender a criação de métodos para tornar a Matemática “divertida” de maneira a que os jovens sintam mais facilidade na disciplina.

Na minha opinião, essa visão das coisas está completamente errada e hipoteca o futuro dos jovens e da sociedade.

 A primeira coisa a admitir é que a Matemática é efectivamente difícil. É difícil porque faz parte da sua natureza. É difícil porque exige dedicação. É difícil porque exige estudo.

A resposta ao problema não é torná-la “divertida” ou transformá-la de maneira a torná-la menos rigorosa para que se torne mais fácil. A resposta é dizer aos jovens que a Matemática é difícil, e por ser difícil deve ser encarada com seriedade, com exigência e com rigor. E deve ser encarada assim porque é parte fundamental da formação do pensamento dos indivíduos e da sociedade.

É preciso mostrar aos jovens que aquilo que é fácil e que exige pouco rigor é feito por toda a gente e por isso não oferece qualquer valor acrescentado. Porém, aquilo que exige trabalho, rigor e dedicação é feito por poucos e por isso será sempre valorizado.

Se o objectivo é valorizar a sociedade será necessário deixar a filosofia do “tornar as coisas divertidas” e adoptar a filosofia do “rigor, trabalho, responsabilidade e competência”.

Ainda em relação à educação, denota-se que a sociedade actual se preocupa com os direitos das crianças, com o seu bem-estar e com a sua mais adequada formação, dentro daquilo que é moralmente aceite.

Sou completamente a favor da preservação ao máximo dos direitos das crianças e dos jovens, do seu direito ao bem-estar e da salvaguarda da sua segurança e integridade física e psicológica.

Porém, se as coisas continuarem com o rumo que estão a tomar temo pelo futuro da nossa sociedade dentro de 40/50 anos.

A atitude que se está a tomar em relação às crianças em virtude da filosofia da salvaguarda dos seus direitos está a transformar-se numa inaceitável cultura de “laissez faire”. Os meninos podem fazer tudo aquilo que lhes apetece, fazer birra por tudo e mais alguma coisa, e ai do coitado do paizinho que dê uma palmada no rabiosque do desgraçadinho do menino porque está a infligir maus tratos à criança.

É preciso que as crianças aprendam que não podem fazer tudo o que querem, que não podem ter tudo o que querem, e desde cedo deve ser imposta uma cultura de liberdade responsável, de rigor e de exigência. Ser o melhor, fazer o melhor, superar-se.

Se as coisas continuarem no rumo a que assistimos, dentro de 40 anos teremos uma sociedade de pessoas mimadas, egocêntricas, facilitistas, birrentas e sem sentido de responsabilidade.

Em relação aos outros não sei, mas eu sentir-me-ia triste em saber que as gerações vindouras viveriam numa sociedade assim.

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