Perto da minha habitação existe um ecoponto.
Até aqui nada de mais, trata-se um ecoponto como muitos outros. Do alto da imponência dos diversos contentores que o constituem, reflectem-se valores nobres, como a defesa do meio ambiente e a preservação da terra para os habitantes futuros.
No entanto, apercebi-me a algum tempo que o ecoponto perto de minha casa ganhou uma importância deveras extraordinária. Este ecoponto revelou ser um espelho do comportamento da sociedade portuguesa, de maneira que, a partir de agora, vou começar a chamá-lo de ecoponto mágico.
Ora bem, certo dia, estava eu a olhar para o ecoponto mágico, num daqueles momentos de reflexão automáticos em que se aplica a famosa expressão “como um boi a olhar para um palácio”, quando de repente avisto ao longe o espectacular veículo que faz a trasfega do conteúdo dos contentores, de maneira a deixá-los com o devido espaço vazio para que as pessoas possam lá colocar o fruto da sua separação de resíduos caseira. Fui um observador atento daqueles esforçados e barulhentos trabalhos. No fim da operação, o veículo que tratou de descongestionar o conteúdo do ecoponto mágico, seguiu a sua vida em direcção a novas paragens de trasfega.
E eis senão quando, consegue avistar-se ao fundo aquela personagem feminina, deslumbrante, e com um saco de garrafas vazias na mão, dirigindo-se ao ecoponto mágico. Ao chegar junto do Ecoponto mágico, deu-se a magia. A bela rapariga pousou o seu delicado saquinho de garrafas no chão, encostadinho ao contentor, e dirigiu-se de novo em direcção ao lugar de onde tinha vindo. Eis o retrato da sociedade portuguesa no seu máximo esplendor.
Ouçam…o contentor estava VAZIO! Tinham acabado de o esvaziar e a moça não se deu ao esforço de gastar umas 100 calorias no intuito de colocar as garrafas no contentor e o respectivo saco plástico também no local apropriado.
Eu não consegui resistir em lançar o piropo: “A continuar assim não vão haver dietas que te valham”. Ok, fui rude eu sei…mas manifestei dessa forma aquilo que o ecoponto mágico acabava de espelhar acerca da sociedade portuguesa, o comodismo.
Esta situação, como muitas outras a que se vão assistindo nos hipermercados mágicos, nos estacionamentos mágicos e em tantos outros lugares mágicos de Portugal, reflectem aquilo que se deve combater de forma afincada e prioritária no sentido de efectivamente melhorar o nosso país.
O problema de Portugal não são os Políticos, o problema é a sociedade! A questão é que os nossos Políticos também são mágicos, porque acabam por espelhar aquilo que a nossa sociedade representa.
Deixemo-nos dos comodismos e dos conformismos. Basta do discurso do “deixa estar, não vamos agora reclamar e fazer vergonhas”.
De minha parte eu vou continuar a tentar não ser considerado o Mário mágico. Espero que o resto da sociedade também, porque para mágico, já temos o Luís de Matos, e pelos vistos não é tão mau quanto isso.
Caro Mário,
ResponderEliminarA sociedade portuguesa ainda tem que evoluir muito.
Conheço duas pessoas (que não se conhecem entre si!) que assumem claramente que não fazem reciclagem.
O motivo? Segundo dizem é para manter o emprego das pessoas que trabalham nas “lixeiras”.
Esta é a justificação que tanto um como outro apresentam. Não sei se é preguiça ou se realmente pensam isso. De qualquer modo estamos a falar de pessoas com uma visão muito curta.
Infelizmente ainda existem muitos portugueses assim.
Ora muito bem, o problema está na sociedade!
ResponderEliminarE os políticos, as Isabéis e os Mários deste Mundo é que fazem a sociedade. Enquando cada indíviduo não fizer um esforço por ser melhor, enquanto que indiviudalmente e no canteiro de cada não forem adoptadas medidas nada mudará.
A sociedade será sempre o espelho de cada um de nós. Individualmente.
Bem caro Eng.º realmente é uma tremenda estupidez o que assististe. Mas vê o lado bom podes sempre apreciar a moça enquanto se baixa para pousar as garrafas lol. Na brinca. è lamentavel.
ResponderEliminarBeijocas e continua assim
Quero desde já saudar todos quantos tiveram a gentileza de comentar no meu blog. Antes de mais, o meu Muito Obrigado.
ResponderEliminarAgora os comentários de forma individual:
Eduardo
É verdade, a nossa sociedade tem que evoluir muito. Aliás, muitissimo.
Se tivermos o desejo de conseguir sermos melhores que os outros, então a evolução tem que seguir o regime inflaccionário. Não é muito previsível que isso aconteça, n o entanto, não baixemos os braços porque "só é vencido quem desiste de lutar"
Isabel
Palvras sábias as tuas. Não podia concordar mais contigo. Começar pelo principio significa melhorar a nossas prórias condutas antes de exigirmos mudanças aos demais.
E nunca é tarde para fazer melhor!
Maria João
De facto, apreciar a moça foi uma das coisas que fiz! No entanto, mal verifiquei a sua atitude, não mais o consegui fazer.
Mas antes de estarmos aqui todos a condenar a rapariga, vou também dar voz à sua defesa, porque até ao momento ninguém o permitiu.
Nesse sentido, pode-se dizer que o erro é uma caracteristica dos humanos, de tal forma que todos nós estamos sujeitos a praticar atitudes menos louváveis. E além disso, não se sabe ao certo o que levou a moça a tomar a atitude que tomou. Resta-nos deixar o alerta. A eventual condenação será feita pela própria consciência da rapariga!
Adoro o teu blog
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